16 - AGORA É COM VOCÊ!

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Pois bem: o sapato a ser usado como pontapé inicial do seu projeto de solado já está em mãos, o prazo já foi combinado com o cliente (para ontem, é claro), e você já sabe de qual matéria-prima será o solado, bora desenhar? Só mais uma coisinha: vou aproveitar a oportunidade para comentar o que penso daquilo que chamam por aí de inspiração, epifania, sacada. Olha, não espere se sentir “inspirado” para realizar seu desenho. O que eu pude perceber ao longo dos anos, é que existe em determinados momentos uma sensação de extremo prazer e felicidade no momento em que estamos desenhando e tudo parece se encaixar, os traços parecem sair sozinhos e sem esforço da lapiseira. Sim, isso existe. Agora, acreditar que essa é a regra, que sempre acontece assim, aí é ilusão. Digamos que você ainda não tem em mãos algum projeto para criar. A sugestão que dou é simples: dentre os calçados que você possui, separe um tempo para decifrar como ele é feito, quais partes compõem seu solado, se recon...

13 - COMO PROMOVER SEU TRABALHO



Eu gosto muito de uma frase que diz: trabalhe tanto a ponto de não precisar se apresentar. Pena que na prática, nem todo hardworker será reconhecido.
Aí entendo que essa frase deverá servir para quando o reconhecimento ocorrer, você se lembre que trabalhou bastante para chegar ali.
Gosto também de uma dica sobre ao invés de trabalhar “muito” você trabalhe de modo “inteligente”, ou seja, use sua inteligência e criatividade para desenvolver processos criativos mais eficientes, os bons atalhos.
Importantíssimo: não pratique o marketing da esperança. O que é o marketing da esperança? É aquele onde você faz seu trabalho de modo bem-feito sim, é um bom profissional, mas não toma atitudes estratégicas de posicionamento em busca da visibilidade de seu trabalho.
Fui vítima de “mim mesmo” neste quesito. Na minha história como designer, muitas vezes eu trabalhei tanto como empregado como autônomo.
Como empregado muitas vezes eu fui muito tímido ao negociar salários e você não precisa cometer os mesmos erros que eu. Não se trata de explorar o patrão ou o cliente, mas sim de reconhecer o seu valor profissional.
Aqui entra a questão da estratégia: determinados trabalhos, seja como autônomo ou funcionário, valem mais do que a remuneração em si. Mas estes tesouros não são tão abundantes assim nem tão simples de reconhecer, então, olhos bem abertos, networking funcionando e melhorar seu produto sempre.
Essa mentalidade vai manter você com mente de um empreendedor mesmo quando estiver contratado em uma empresa. Mais do que seus desenhos, seu maior produto é você mesmo.
Cuide-se bem, mantenha-se informado, saudável e atualizado. Isso implica saber fazer bom uso das redes sociais, participar de eventos do setor, visitar feiras e lojas.
Conhecer os profissionais das matrizarias, maquetarias, outros designers, enfim, não se isole. Este foi um de meus vários erros, nunca fui bom em networking. Nunca tive prazer em conversar amenidades, superficialidades, e ser um cara fechado me resultou em um número reduzido de contatos.
Não cometa meus erros. Muitos deles estão comentados neste curso. Vá a feiras em São Paulo, inaugurações de lojas de calçados em shoppings, cadastre-se para receber novidades de marcas de bom gosto, descubra quem são os estilistas de calçados de suas proximidades, tente entrar em contato para oferecer seus trabalhos.
Tome café da manhã de vez em quando na padaria da moda de sua cidade e seja visto. Por incrível que pareça, até isso ajuda em seu networking.
Tenha um perfil organizado nas redes sociais. A rede do momento é o Instagram, e é uma linguagem bem gráfica, fotos, desenhos.
Evite polêmicas em seu perfil. Você é uma pessoa normal, pode ter um perfil misto, onde seus desenhos públicos e postagens de interesse vão contar ao público um pouco sobre você e tudo bem. Ao postar fotos de arte ou design, deixe comentários de conteúdo, relevantes. Se souber alguma curiosidade a respeito do artista ou obra melhor ainda. Não polua sua timeline, faça postagens interessantes e nem sempre temos algo interessante para compartilhar então segure a onda. Qualidade antes de quantidade. Faça Stories de demonstração da preparação para o desenho de novos projetos, tipo as lapiseiras e papéis preparados, tomando o cuidado óbvio de não mostrar nada que comprometa o sigilo do projeto.
Não mostre os croquis e sapatos que você fez recentemente por questões de sigilo profissional, deixe para os “tbt” dos meses seguintes e mostre coisas que já estão nas vitrines, já vieram a público.
Então, as demonstrações nos stories são importantes, mas tenha muito critério e cuidado ao fazer, para não expor projetos em andamento.
Existem também muitos sites onde você pode criar uma conta e ali expor seus trabalhos e divulgar os links para visitação, servindo de cartão de visitas virtual.
Na hora de escolher seus desenhos para o portfólio, seja criterioso e cuidadoso: muita coisa que hoje você acha lindo e maravilhoso, daqui a um ano talvez você olhe e deseje apagar, então neste início serão poucos os desenhos para expor e tudo bem com isso.
Aí o detalhe para crescer sua visibilidade e rechear o portfólio é você usar seu tempo livre para criar novos produtos, conceitos, e colocar na exposição.
Com isso, além de exercitar a criatividade, você treina seus traços.
Um destes sites é o Behance, visite e conheça.  Outra rede importante onde você deve cuidar com carinho daquilo que posta ali é justamente o LinkedIn. Uma rede de interesse profissional, onde você tem a oportunidade de entrar em contato com muitos profissionais relativos a seu trabalho.
Mas, como qualquer interação humana, exige tato e sensibilidade. Não seja chato. É bem isso. Não vá encher o inbox de um prospecto com seus desenhos sem nem ao menos ter tido um contato prévio com ele. Se apresente, esteja informado sobre a área de atuação desse profissional e encontre um comentário verdadeiro a fazer sobre algo que ele tenha realizado.
Lembre-se que para que você seja lembrado, são necessárias ao menos três interações diferentes com o prospecto. Então você envia o primeiro inbox para contato, se ele responder positivamente aí você mostra alguns de seus trabalhos que possam ter identificação com a atuação dele e por fim fique de olho nas feiras do setor e se ele estará presente, é uma boa oportunidade de conversar pessoalmente sem parecer invasivo.
Para um nível mais avançado de trabalho, considere a possibilidade de fazer postagens pagas para divulgar seu trabalho. Postagens no Facebook, Instagram e LinkedIn. Isso vai também servir para aparecer no radar de novos prospectos e ampliar sua rede de negócios.
Por último, tenha uma pasta de portfólio atualizada. Uma pasta de boa apresentação, com um sistema de fixação das folhas onde você possa facilmente alterar a ordem e inserir novas sem danificar as folhas.
Sobre a ordem de apresentação, eu gosto da seguinte: de cara, o seu desenho / projeto mais foda. O que mais lhe orgulha. Depois acrescente em ordem crescente de satisfação. Com o tempo e novos projetos ocorrendo, você vai perceber que a ordem vai mudar com certa frequência, mas que de modo geral os resultados estão melhorando.
Você percebe que estou sempre citando alguns erros que cometi ao longo dos anos. Ouvi um ditado que dizia o seguinte: o inteligente aprende com os próprios erros e o sábio com os erros dos outros. Os erros são sim lições valiosas, mas só eu sei o quanto cada lição dessa custou e custa.  Eu digo isso pois pode ocorrer o pensamento seguinte: esse cara fala todos estes processos, dicas disso e daquilo, por que então eu nunca ouvi falar dele? Aí entra o talvez maior dos erros que eu cometi, que foi o de apenas SABER o que deveria ser feito, mas não praticar aquilo, de fato.
Eu sempre soube a importância de treinar meu traço, mas como vivia desenhando o tempo todo nunca levei os exercícios de traço muito a sério e ainda hoje vejo resultados muito bons em pouco tempo de estrada em quem os pratica.
Outro exemplo: eu toco bateria. Comecei lá pelos 16 ou 17 anos. Aí, sempre que podia, eu praticava, nunca tive grana para pagar aulas, como outras coisas que eu aprendi eu fui autodidata. Isso foi nos idos de 1995, ou seja: não existia nem Internet direito. Google foi criado em 1998. O Youtube em 2005. Então, os recursos de aprendizado eram bem diferentes na época. O fato era que eu ia para a igreja, ficava tentando acompanhar umas músicas gravadas em uma fita.
De vez em quando trocava ideia com algum batera mais experiente, aprendia uma batida, virada. Mas não fui atrás de aprender os fundamentos do instrumento, que eram exercícios que pareciam chatos de se ficar fazendo, mas a medida que se vai dominando a técnica, o ato de tocar melhora como um todo. Mas a arrogância falava mais alto e só fui aprendendo a tocar de ouvido mesmo e na prática, sem voltar nunca para aprender exercícios. O resultado é que sim, eu aprendi um pouco do instrumento. Toco até direitinho para quem tem um braço esquerdo paralisado no ato do parto. Costumo dizer que na bateria eu “engano bem”. Mas o que aconteceu é que a técnica que eu tenho é praticamente a mesma de quando eu tocava há 3 ou 4 anos. Não houve avanço técnico dali em diante.
E hoje não importa o fato de ter começado a tocar lá 20 anos atrás que a técnica é a de um iniciante. Outros músicos que começaram na mesma época, alguns deles não vacilaram, foram estudando sempre, hoje fazem coisas absurdas com seus instrumentos. E nem rola coragem de convidar para tirar um sonzinho pois os caras estão numa tão distante, que seria penoso para eles tocarem comigo. Então fico só na fila do aplauso kkkk.
E a mesma dinâmica pode acontecer com este conteúdo: você achar (com certeza) que se eu tivesse praticado tudo que ensinei aqui do modo que disse aqui, eu teria tido um resultado ainda maior e isso é verdade. Aí entra o que eu disse ali atrás: eu estou consciente do custo do aprendizado. E apesar de estar muita coisa escrita sequencialmente aqui, de repente em uma tarde você leia o conteúdo todo, mas alguns aprendizados levaram anos para cair a ficha, para perceber os padrões.
Meu objetivo com este conteúdo é poder participar mesmo de modo singelo na mudança de mente e crescimento pessoal e profissional de alguém.
Que as lições tanto da prática do desenho como lições da vida não fiquem apenas na minha mente, mas possam ser coisa boa na vida de gente que nem conheci pessoalmente. 
Palavras são sementes, e quero plantar coisas boas na vida.  

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