Eu gosto muito
de uma frase que diz: trabalhe tanto a ponto de não precisar se apresentar.
Pena que na prática, nem todo hardworker será reconhecido.
Aí entendo que
essa frase deverá servir para quando o reconhecimento ocorrer, você se lembre
que trabalhou bastante para chegar ali.
Gosto também de
uma dica sobre ao invés de trabalhar “muito” você trabalhe de modo
“inteligente”, ou seja, use sua inteligência e criatividade para desenvolver
processos criativos mais eficientes, os bons atalhos.
Importantíssimo:
não pratique o marketing da esperança. O que é o marketing da esperança? É
aquele onde você faz seu trabalho de modo bem-feito sim, é um bom profissional,
mas não toma atitudes estratégicas de posicionamento em busca da visibilidade
de seu trabalho.
Fui vítima de
“mim mesmo” neste quesito. Na minha história como designer, muitas vezes eu
trabalhei tanto como empregado como autônomo.
Como empregado
muitas vezes eu fui muito tímido ao negociar salários e você não precisa
cometer os mesmos erros que eu. Não se trata de explorar o patrão ou o cliente,
mas sim de reconhecer o seu valor profissional.
Aqui entra a
questão da estratégia: determinados trabalhos, seja como autônomo ou
funcionário, valem mais do que a remuneração em si. Mas estes tesouros não são
tão abundantes assim nem tão simples de reconhecer, então, olhos bem abertos,
networking funcionando e melhorar seu produto sempre.
Essa mentalidade
vai manter você com mente de um empreendedor mesmo quando estiver contratado em
uma empresa. Mais do que seus desenhos, seu maior produto é você mesmo.
Cuide-se bem,
mantenha-se informado, saudável e atualizado. Isso implica saber fazer bom uso
das redes sociais, participar de eventos do setor, visitar feiras e lojas.
Conhecer os
profissionais das matrizarias, maquetarias, outros designers, enfim, não se
isole. Este foi um de meus vários erros, nunca fui bom em networking. Nunca
tive prazer em conversar amenidades, superficialidades, e ser um cara fechado
me resultou em um número reduzido de contatos.
Não cometa meus
erros. Muitos deles estão comentados neste curso. Vá a feiras em São Paulo,
inaugurações de lojas de calçados em shoppings, cadastre-se para receber
novidades de marcas de bom gosto, descubra quem são os estilistas de calçados
de suas proximidades, tente entrar em contato para oferecer seus trabalhos.
Tome café da
manhã de vez em quando na padaria da moda de sua cidade e seja visto. Por
incrível que pareça, até isso ajuda em seu networking.
Tenha um perfil
organizado nas redes sociais. A rede do momento é o Instagram, e é uma
linguagem bem gráfica, fotos, desenhos.
Evite polêmicas
em seu perfil. Você é uma pessoa normal, pode ter um perfil misto, onde seus
desenhos públicos e postagens de interesse vão contar ao público um pouco sobre
você e tudo bem. Ao postar fotos de arte ou design, deixe comentários de
conteúdo, relevantes. Se souber alguma curiosidade a respeito do artista ou
obra melhor ainda. Não polua sua timeline, faça postagens interessantes e nem
sempre temos algo interessante para compartilhar então segure a onda. Qualidade
antes de quantidade. Faça Stories de demonstração da preparação para o desenho
de novos projetos, tipo as lapiseiras e papéis preparados, tomando o cuidado
óbvio de não mostrar nada que comprometa o sigilo do projeto.
Não mostre os
croquis e sapatos que você fez recentemente por questões de sigilo profissional,
deixe para os “tbt” dos meses seguintes e mostre coisas que já estão nas
vitrines, já vieram a público.
Então, as
demonstrações nos stories são importantes, mas tenha muito critério e cuidado
ao fazer, para não expor projetos em andamento.
Existem também
muitos sites onde você pode criar uma conta e ali expor seus trabalhos e
divulgar os links para visitação, servindo de cartão de visitas virtual.
Na hora de
escolher seus desenhos para o portfólio, seja criterioso e cuidadoso: muita
coisa que hoje você acha lindo e maravilhoso, daqui a um ano talvez você olhe e
deseje apagar, então neste início serão poucos os desenhos para expor e tudo
bem com isso.
Aí o detalhe
para crescer sua visibilidade e rechear o portfólio é você usar seu tempo livre
para criar novos produtos, conceitos, e colocar na exposição.
Com isso, além
de exercitar a criatividade, você treina seus traços.
Um destes sites
é o Behance, visite e conheça. Outra rede importante onde você deve
cuidar com carinho daquilo que posta ali é justamente o LinkedIn. Uma rede de
interesse profissional, onde você tem a oportunidade de entrar em contato com
muitos profissionais relativos a seu trabalho.
Mas, como
qualquer interação humana, exige tato e sensibilidade. Não seja chato. É bem
isso. Não vá encher o inbox de um prospecto com seus desenhos sem nem ao menos
ter tido um contato prévio com ele. Se apresente, esteja informado sobre a área
de atuação desse profissional e encontre um comentário verdadeiro a fazer sobre
algo que ele tenha realizado.
Lembre-se que
para que você seja lembrado, são necessárias ao menos três interações
diferentes com o prospecto. Então você envia o primeiro inbox para contato, se
ele responder positivamente aí você mostra alguns de seus trabalhos que possam
ter identificação com a atuação dele e por fim fique de olho nas feiras do
setor e se ele estará presente, é uma boa oportunidade de conversar
pessoalmente sem parecer invasivo.
Para um nível
mais avançado de trabalho, considere a possibilidade de fazer postagens pagas
para divulgar seu trabalho. Postagens no Facebook, Instagram e LinkedIn. Isso
vai também servir para aparecer no radar de novos prospectos e ampliar sua rede
de negócios.
Por último,
tenha uma pasta de portfólio atualizada. Uma pasta de boa apresentação, com um
sistema de fixação das folhas onde você possa facilmente alterar a ordem e
inserir novas sem danificar as folhas.
Sobre a ordem de
apresentação, eu gosto da seguinte: de cara, o seu desenho / projeto mais foda.
O que mais lhe orgulha. Depois acrescente em ordem crescente de satisfação. Com
o tempo e novos projetos ocorrendo, você vai perceber que a ordem vai mudar com
certa frequência, mas que de modo geral os resultados estão melhorando.
Você percebe que
estou sempre citando alguns erros que cometi ao longo dos anos. Ouvi um ditado
que dizia o seguinte: o inteligente aprende com os próprios erros e o sábio com
os erros dos outros. Os erros são sim lições valiosas, mas só eu sei o quanto
cada lição dessa custou e custa. Eu digo isso pois pode ocorrer o
pensamento seguinte: esse cara fala todos estes processos, dicas disso e
daquilo, por que então eu nunca ouvi falar dele? Aí entra o talvez maior dos
erros que eu cometi, que foi o de apenas SABER o que deveria ser feito, mas não
praticar aquilo, de fato.
Eu sempre soube
a importância de treinar meu traço, mas como vivia desenhando o tempo todo
nunca levei os exercícios de traço muito a sério e ainda hoje vejo resultados
muito bons em pouco tempo de estrada em quem os pratica.
Outro exemplo:
eu toco bateria. Comecei lá pelos 16 ou 17 anos. Aí, sempre que podia, eu
praticava, nunca tive grana para pagar aulas, como outras coisas que eu aprendi
eu fui autodidata. Isso foi nos idos de 1995, ou seja: não existia nem Internet
direito. Google foi criado em 1998. O Youtube em 2005. Então, os recursos de
aprendizado eram bem diferentes na época. O fato era que eu ia para a igreja,
ficava tentando acompanhar umas músicas gravadas em uma fita.
De vez em quando
trocava ideia com algum batera mais experiente, aprendia uma batida, virada.
Mas não fui atrás de aprender os fundamentos do instrumento, que eram
exercícios que pareciam chatos de se ficar fazendo, mas a medida que se vai
dominando a técnica, o ato de tocar melhora como um todo. Mas a arrogância
falava mais alto e só fui aprendendo a tocar de ouvido mesmo e na prática, sem
voltar nunca para aprender exercícios. O resultado é que sim, eu aprendi um
pouco do instrumento. Toco até direitinho para quem tem um braço esquerdo
paralisado no ato do parto. Costumo dizer que na bateria eu “engano bem”. Mas o
que aconteceu é que a técnica que eu tenho é praticamente a mesma de quando eu
tocava há 3 ou 4 anos. Não houve avanço técnico dali em diante.
E hoje não
importa o fato de ter começado a tocar lá 20 anos atrás que a técnica é a de um
iniciante. Outros músicos que começaram na mesma época, alguns deles não
vacilaram, foram estudando sempre, hoje fazem coisas absurdas com seus
instrumentos. E nem rola coragem de convidar para tirar um sonzinho pois os
caras estão numa tão distante, que seria penoso para eles tocarem comigo. Então
fico só na fila do aplauso kkkk.
E a mesma
dinâmica pode acontecer com este conteúdo: você achar (com certeza) que se eu
tivesse praticado tudo que ensinei aqui do modo que disse aqui, eu teria tido
um resultado ainda maior e isso é verdade. Aí entra o que eu disse ali atrás:
eu estou consciente do custo do aprendizado. E apesar de estar muita coisa
escrita sequencialmente aqui, de repente em uma tarde você leia o conteúdo
todo, mas alguns aprendizados levaram anos para cair a ficha, para perceber os
padrões.
Meu objetivo com
este conteúdo é poder participar mesmo de modo singelo na mudança de mente e
crescimento pessoal e profissional de alguém.
Que as lições
tanto da prática do desenho como lições da vida não fiquem apenas na minha mente,
mas possam ser coisa boa na vida de gente que nem conheci pessoalmente.
Palavras são
sementes, e quero plantar coisas boas na vida.
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