Esta parte do
conteúdo é para aquele momento onde você já leu toda a parte teórica, fez os
exercícios, divulgou seu trabalho e finalmente chegou aquele momento
espetacular onde você foi convocado a uma reunião para o briefing de seu
primeiro projeto.
Não se espante
se ao chegar no local, a secretaria estiver com o sapato-modelo em mãos para te
entregar com o recado de que se você tiver alguma dúvida, entre em contato com
o Sr. Cliente. Nem deu tempo de você chegar direito e já está indo embora. E
agora? Não combinamos preço, prazo, tipo de apresentação, nada! Sem medo de errar, a esmagadora maioria das minhas “reuniões” para
buscar projetos a desenhar eram exatamente deste jeito que descrevi. Aí eu
voltava para o estúdio super preocupado com tantas perguntas não respondidas,
ficava com medo de incomodar o Sr. Cliente e ele mudar de ideia e dar o projeto
para outro fazer, e acabava repassando mentalmente as conversas prévias com o
cliente antes de finalmente ir lá buscar o modelo ou fôrma e a partir destes
fragmentos eu tentava decifrar o que ele poderia estar esperando como proposta
de produto.
Sofri muito
tempo até desenvolver autoconfiança para fazer perguntas. Achava que não
poderia ficar demonstrando ter dúvidas, que era sinal de despreparo. Evidente
que existem perguntas que não mais cabem no ponto de estar profissionalmente
trabalhando como desenhista de solados, mas por outro lado, quanto mais
informações você possuir sobre aquilo que deve desenvolver, menor o risco de
investir valioso tempo em uma direção equivocada, certo? Bom, então como eu resolvi essa parada? Eu chegava no estúdio,
relaxava, enchia um copo com uma Coca bem gelada, pegava o modelo e ia
elaborando as perguntas que o projeto me trazia.
Basicamente eu
conversava com o produto a respeito daquilo que ele deveria vir a ser através
de meus traços e ia anotando as perguntas. Se ficassem muitas, eu revisava para
ver se não havia perguntas repetidas com palavras diferentes, comparava com o
modelo de briefing e finalmente, formulava um e-mail para o Sr. Cliente. Sim,
e-mail. Dependendo de sua data de nascimento, eu reconheço que talvez você
nunca tenha precisado enviar nenhum e-mail na vida, tudo se resolveu via
mensagens curtas de WhatsApp e emojis.
Pois é, o e-mail
é uma ferramenta muito importante para você neste tipo de trabalho. Ali ficam
registradas todas as etapas de uma negociação, e caso você perca seu celular, é
acessível via qualquer dispositivo.
Enfim, vamos ao
que tratar nessa mensagem por e-mail, além, claro das dúvidas. Você vai se apresentar, usar o bom dia, tarde ou noite, dependendo
do horário que envia o e-mail.
Comece
agradecendo a oportunidade de realizar aquele trabalho para a empresa dele, que
está muito animado para começar, porém existem pequenos detalhes que são
importantes de se abordar neste ponto.
Enumere as
perguntas, explicando que tais informações são imprescindíveis para um bom
design de projeto e que entende a correria do dia a dia que impossibilitou o
encontro entre vocês onde tais questões seriam apresentadas.
Por fim, aborde
a questão financeira, apresentando sua forma de trabalho e se de repente alguma
adaptação será necessária para aquele novo cliente.
Eu
particularmente sugiro que você SEMPRE cobre um percentual de seu preço de
projeto para significar o aceite dos termos propostos e marcar o início do
prazo de entrega a ser contado a partir deste pagamento inicial. Isso serve
para livrar você daqueles desenhos sem propósito, onde quem chamou você para
desenhar nem tem certeza se vai ou não levar o projeto adiante, mas como pensa
que “desenho é baratinho”, quando você for tentar receber, vai ter dor de
cabeça.
Sobre quanto irá
cobrar, faça uma pesquisa de mercado sobre os valores praticados pelos outros
profissionais, tente acesso a alguns trabalhos que eles fizeram para você se
inteirar do nível técnico, tipo de apresentação, quantidade de opções
oferecidas, etc. Para elaborar o seu preço de desenho, leve em conta os fatores
de custo que você tem para trabalhar, uso de material, tempo gasto por projeto,
internet, e sua parcela.
Você vai ver que
existem projetos que não se pagam, mas colocam você em um contexto onde outros
trabalhos de sua expertise serão servidos e isso faz valer a pena, assim como
também projetos super bem remunerados que por alguma razão particular você
preferia não ter feito, a energia não era boa.
O que quero
dizer com isso: DINHEIRO NÃO É TUDO. Sim, eu sei, parece meio arrogante
dizer isso. Mas é a verdade. Em seu caminho profissional, busque participar de
projetos que tenham significado para você para além da remuneração, projetos
que vão servir de degrau para um nível acima. Nem sempre isso será possível e
tudo bem, mas, sempre tente identificar e perseguir estas oportunidades,
participar destes projetos.
Ao começar um
processo criativo, não se poupe. Entregue-se, entregue seu melhor, faça o que
de melhor estiver em seu alcance. Lembre-se que aquilo que você entrega é
aquilo que você recebe. Aquilo que você planta, você colhe. Se você fizer um
trabalho bem feito, está semeando coisas boas. Não coloque porções de merda na esteira cíclica da vida, isso VAI
VOLTAR PARA VOCÊ. (Essa e muitas outras vieram do mestre Jota).
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